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https://www.youtube.com/c/guerrademundos

 

 

No final de agosto teve lugar na capital do país uma nova edição do Acampamento Pela Vida, organizado pelos povos indígenas brasileiros através da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), para pressionar o Supremo Tribunal Federal no julgamento da tese do Marco Temporal. O julgamento se iniciou enquanto os povos acampavam e se manifestavam em Brasília e diz respeito às terras Xokleng, mas que contém importância para muitos outros povos, como antecedente, nos numerosos processos que o Estado brasileiro mantém com demarcação suspensa, devido a diversos conflitos (de mundos), na exigência esdrúxula de comprovação de algo tão óbvio como que os povos indígenas tem que ter garantido seu território, sem que nenhum conflito com fazendeiro, entrave burocrático, ou realidade derivada da continua expulsão de territórios que essas populações viveram. 

 

Os indígenas permanecem hoje em Brasília para o julgamento, que foi se adiando, mas deixaram na história a maior mobilização indígena do país. O Acampamento contava com 6 mil indígenas de 170 etnias. Outros chegariam posteriormente, inclusive para a marcha das mulheres indígenas que se inicia em Brasília no dia 7 de setembro, num contexto político tensionado pela lenta apresentação dos votos dos magistrados, assim como pelas manifestações de setores bolsonaristas que coincidiram em Brasília no dia da independência do Brasil. 

 

Durante os dias da mobilização indígena subimos diversos registros no canal de Youtube do Guerra de Mundos (https://www.youtube.com/c/guerrademundos), dando continuidade aos debates sobre extrativismos na América Latina, povos indígenas e lutas sociais, realizado em julho e agosto deste ano. 

Nestes registros vemos imagens das mobilizações com toda a musicalidade, presença estética e força política do movimento indígena. Também subimos conversas com lideranças indígenas, buscando dar continuidade aos debates e discussões que propusemos com a leitura de estarmos vivenciando uma Guerra de Mundos, tragicamente visível no etnocídio que se apoia agora nessa tese do Marco Temporal, engendro jurídico que representa o avanço do agronegócio, a grilagem, o garimpo e distintas formas de exploração do território e as formas de existência indígenas.

As conversas realizadas em Brasília e subidas ao canal são as seguintes:

Povo Pataxó de Minas Gerais contam da luta pelo território, expulsos pela destruição da Vale, destruição que eles explicam que não foi um acidente e que foi seguida de uma política criminosa da empresa. A Vale do Rio Doce buscou dividir a comunidade indígena, controla a saúde com postos de atendimento médico controlados por ela para evitar denúncias por contaminação e nega reparação para esses povos. Link: https://youtu.be/l05mGn_wxTc

Ouvimos o Júlio, Liderança do povo Yek’wana da TI Yanomami, sobre a ameaça do garimpo e outras formas de exploração e invasão territorial com que o povo Yek’wana lida, junto com o povo ianomâmi com quem dividem o mesmo território demarcado. Estes dois povos, junto com os Munduruku, Kayapó e Xikrin assinaram em Brasília durante a Mobilização Indígena uma importante carta-manifesto contra o garimpo.  Link: https://www.youtube.com/watch?v=OkXOT5uw5ls 

 

Conversamos também sobre a experiência dos Guardiões da Floresta Guajajara, da TI Araribóia, que organizam um corpo de guardiões de autodefesa indígena contra distintas invasões e ameaças contra o território. Os Guajajara enfrentaram a morte de alguns guardiões e trabalham no fortalecimento destas formas autônomas de autodefesa e proteção do território. Link: https://youtu.be/OnfGqMqVanQ 

 

Falamos com Alessandra Munduruku, porta-voz do povo Munduruku na defesa do território. Alessandra participou em julho da primeira mesa do encontro virtual do evento Guerra de Mundos, oportunidade em que também se encontrava em Brasília na versão anterior do acampamento, lutando pela demarcação dos territórios; nesta conversa, voltamos a ouvir Alessandra, junto com Beka e Mondria Munduruku do Coletivo audiovisual Daje Kapap Eypi Link: https://www.youtube.com/watch?v=SsNiarz804U